sábado, 26 de novembro de 2011

Fim de papo para o Leão baiano





Como já era esperado, favas contadas, o rubro-negro baiano, Esporte Clube Vitória carimbou sua permanência na série B.


O que pode ficar como ensinamento dessa sofrível participação no brasileirão 2011, onde nadou, nadou e morreu na praia?


 Destacam-se algumas lições, abaixo elencadas:


a) Jogador de "nome" não é garantia de sucesso em campo;
b) Equipe comandada por treinador medroso e retranqueiro está fadada ao insucesso;
c) Ter um caminhão de jogadores, especialmente de meio de campo, não significa peças de reposição de qualidade;
d) A base deve ser valorizada, afinal Duílio, Esdras, Mineiro e Arthur Maia apresentam futebol igual ou melhor dos que muitos que atuaram nesse campeonato.
e) Como já foi dito, planejamento de curto, médio e longo prazos é fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento;
f) O histórico do time desde meados de 2010 vem descendo a ladeira e, caso não haja reação imediata, correrá o risco de igualar-se ao seu arquirrival, o Bahia de Salvador, que se encontra há 12 anos sem títulos, com participação sofrível no campeonato nacional e apegado tão somente a um passado distante, com as decantadas e enferrujadas estrelas.


Algumas sugestões de um associado ouro para 2012:


Devem permanecer:
- Douglas (excelente surpresa);
- Alisson: experiência que pode ajudar;
- Gabriel, Reniê,Uelinton, Felipe e Neto Coruja: boas surpresas da base que devem ser mantidas;
- Rildo (o Apodi do ataque): às vezes é "porra louca", mas pode decidir uma partida;
- Neto Baiano: garra e doação no jogo, merece ficar;
- Arthur Maia: Tá na hora de deixar de ser uma eterna promessa;
- Marquinhos: É craque, porém deve ser avaliada sua condição física, pois perde ritmo de jogo e prejudica a equipe com sua ausência;
- Renan Silva: jogou apenas uma partida, mas mostrou qualidades;
- Preto: bom jogador, mesmo nível de Mineiro;


Podem sair que não farão falta:
- Vagner Benazzi (e que nunca mais volte): medroso e retranqueiro. É treinador de time pequeno;
- Fernando: decepcionou;
- Nino: desgastado, sofrível nos cruzamentos e sem inteligência quando chega ao ataque;
- Jean, Mauricio, Fernandinho,Charles Wagner, Leo Fortunato, Xuxa e Rodrigo Mancha: não justificaram suas contratações. Foi dinheiro jogado fora;
- Os três "G", Gilberto, Geraldo, Geovani e Lucio Flávio: jogaram com o nome e nada mais;
- Rychely,  Edson e Marcelo: Como diz meu prof. de direito do trabalho: Valeu, foi bom, mas ADEUS, não precisam vir na segunda-feira.
- Fábio Santos: Depois de um bom inicio, não mais mostrou serviço.


Expectativas quanto à direção:


Alexi Portela: tem crédito. Precisa ser melhor no planejamento, deixar a administração do futebol para quem entende, valorizar o patrimônio e blindar o ambiente do clube visando evitar ingerências políticas;
Newton Drumond: deve ser alçado de figura decorativa a verdadeiro gestor;
Ricardo Silva: também tem crédito, vai ajudar;
Beto Silveira, diretor de futebol, sem comentários. Como diz o ditado popular, "nem fede, nem cheira";
Marketing: apagado que nem o próprio time.


E chega de Vadões, Benazzis, Mancinis, Geninhos e outros do mesmo naipe. O Leão precisa de treinador destemido, que faça o Barradão retornar aos tempos de glória. É inadmissível, jogar retrancado em casa, valendo-se de contra-ataques. As demais equipes devem tremer quando pisar no santuário rubro-negro. 


Que se faça um planejamento firme, espelhando-se em Coritiba, que sem "estrelas", do técnico ao ponta esquerda, destacou-se na série A e na Portuguesa, campeã da série B, onde brilhou de forma incandescente.


Bem, essa foi uma simples análise sobre o clube e que ele honre seu nome e tradição em 2012.





segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aprecio os artigos do Desembargador Rizzato Nunes, professor e autor de livros de Direito do Consumidor. Segue um texto bastante interessante sobre o nosso dia a dia. E você, faz parte da sociedade de colecionadores? Vale uma reflexão.


Silmário Sousa




A sociedade de consumo: uma sociedade de colecionadores?
Meu amigo Walter Ego conta que certa vez foi convidado para ir com outro amigo dele a um jantar na casa de um empresário. "Modo de dizer", disse ele. "É que o empresário era investidor de empresas falidas... Sei lá. Mas tinha muito dinheiro, pelo menos pelo que pude ver de sua casa e demais coisas e também do que ele falava".
Pois bem. Conta meu amigo que lá chegando, foram convidados para irem ao andar debaixo, numa espécie de subsolo, para conhecer a adega de vinhos. Suntuosa, muito bem equipada e com um estoque de centenas de garrafas, muitas delas raras adquiridas em leilões internacionais e, claro, caríssimas. Todas devidamente catalogadas pelo próprio proprietário que, com muito orgulho, as mostrou dando ênfase em vários rótulos.
W. Ego se animou. Pensou: "Me dei bem. Hoje tomarei um vinho que jamais poderia tomar". Mas, que nada. Feita a visita à adega, o anfitrião os levou para o andar térreo até outras três adegas dessas compradas em lojas de eletrodomésticos (embora das maiores e mais sofisticadas) e, abrindo uma das portas, escolheu duas garrafas de vinho e dali dirigiram-se à mesa para o jantar. Eram bons vinhos, mas nada que pudesse fazer frente aos raros e espetaculares da adega e que chegaram a passear nos sonhos de meu amigo.
Depois, quando deu, W. Ego perguntou ao outro amigo: "Ele não bebe os vinhos lá debaixo?". "Não", respondeu o amigo, "é só para ver. Não para beber". Walter Ego retrucou: "Ele nunca beberá? Nem em ocasiões especiais? Ou com pessoas especiais?". "Acho que não. Até porque, pela idade dele e com tantas garrafas armazenadas, para toma-las todas ele já deveria ter começado a fazê-lo há muito tempo. E essas que ele bebe, ele compra a toda hora".
Quando W. Ego me contou essa história, disse: "O sujeito compra um monte de vinhos só para olhar para os rótulos e garrafas? Ele as admira como se fossem troféus! Se ainda guardasse como investimento, se deixasse os vinhos envelhecerem e depois os vendesse... Ou, então, podia guardar as garrafas vazias junto das avaliações feitas após ter bebido o conteúdo!".
Essa história de meu amigo fez-me lembrar de um artigo que eu li há muitos anos numa revista de avião e que teve forte impacto em mim. Era um pequeno texto desses que pedem que nós reflitamos sobre algo em nossas vidas e que, talvez, por falta de tempo nós acabamos não dando tanta importância ou mesmo porque aceitamos sem querer as coisas como elas são, como elas se apresentam ou como são impostas, determinadas pelas circunstâncias sociais, etc. O texto dizia mais ou menos o seguinte.
O escritor contava a estória de um homem, casado, que entrara no quarto do casal e abrira a gaveta da cômoda onde sua mulher guardava a lingerie. Ele remexeu nas peças, olhou no meio e por baixo e acabou encontrando uma caixinha, que estava embrulhada com papel de presente. Intrigado, a examinou franziu a testa, forçou os olhos, pensou e após lembrar de algo disse para si mesmo: "Ah! É aquele bracelete de ouro que eu dei para ela há três anos. Ela gostou tanto que guardou dentro da caixinha, embrulhada com o mesmo papel que a moça da joalheria usou. Ela gostou tanto e com tanto cuidando que nunca usou". Depois, desembrulhou o presente, abriu a caixa, pegou o bracelete e disse: "Hoje ela irá usar!". Daí, dirigiu-se à sala onde estavam outras pessoas, foi até o caixão onde jazia o corpo de sua mulher morta e colocou o bracelete em seu pulso.
Depois disso, o autor do artigo perguntava ao leitor se ele tinha em casa alguma coisa comprada e nunca usada. Ele dizia que as coisas que nós possuímos, independentemente de preço ou valor, só faziam algum sentido se nós as usássemos, se déssemos a ela uma finalidade, uma utilidade. Ele perguntava se o leitor tinha em casa um faqueiro nunca usado, guardado dentro da própria caixa feita pelo fabricante, se tinha peças de porcelana mantidas num armário para um dia serem usadas num jantar nunca oferecido, se tinha roupas dentro do armário que não mais usava nem iria usar ou que nunca usara, etc.
Lembro-me bem da sensação que tive ao ler o artigo. Caiu-me uma ficha e eu lembrei que havia adquirido um faqueiro há muito tempo e que ele estava guardado dentro da caixa. Tomei a decisão na mesma hora. Assim que cheguei em casa, separei todos os talheres que eu tinha em uso, mas que já eram antigos (foi por isso que eu comprara o faqueiro). Dei de presente a quem precisava e coloquei em uso o faqueiro novinho, retirado de dentro da caixa.
Esse artigo me tocou e eu depois fui, criticamente, me vigiando para deixar de ter em casa produtos nunca usados, o que eu faço até hoje, mas que, claro, não interessa referir. O que eu pretendo contando essas histórias é colocar a questão como reflexão nesta nossa sociedade capitalista, na qual muitos nada tem e também muitos esbanjam sobras ou colecionam objetos que não serão utilizados. Já houve quem chamasse a nossa sociedade de sociedade de colecionadores.
Há, é verdade uma tradição na coleção de objetos. Coleciona-se selos, moedas, joias, etc. e que remontam a tempos antigos, como comprovam as exposições de museus. Mas, com o avanço da produção e reprodução cada vez mais precisa e mais barata, os modos de colecionar acabaram crescendo. Naturalmente, coleciona-se figurinhas até hoje, mas até isso é diferente de nosso romântico tempo de criança. Com a facilidade das compras e quantidade de ofertas, muitas pessoas passaram a colecionar uma série de objetos. Coleciona-se canetas, bolsas, sapatos, gravatas, ternos, vestidos, automóveis (!), etc.
Claro que isso é problema de cada um. Quem pode acaba fazendo se lhe aprouver, mas que é estranho manter certas coleções é. Quero dizer, se for mesmo para estabelecer uma coleção autêntica, com catálogo e demonstração como num museu (não importando nem local nem tamanho) talvez se justifique. O problema, ao que parece, está mais relacionado ao que o autor disse no artigo. Muitas vezes, a pessoa guarda coisas, repetidas ou não, para nunca usar e daí ela perde a finalidade.
Já se disse que a sociedade capitalista é da abundância, mas, claro, isso não corresponde à realidade. Abundam produtos e serviços, mas faltam condições básicas de sobrevivência para milhões de pessoas. Aliás, toda vez que uma empresa coloca no mercado algo novo, não é a abundância sua característica, mas sua falta para a maior parte dos que não podem comprar. Então, nessa terra de escassez, manter produtos guardados sem finalidade pode ficar sem sentido.
Evidentemente que há muitas coisas que se pode ter em casa para um dia usar de verdade. Se a pessoa mantém guardados livros, dvds, cds ela certamente poderá utilizá-los. Aliás, esse é o exemplo típico de coleção que vale a pena ter. Livros, filmes, músicas. Mesmo que nós compremos um livro para apenas um dia no futuro lê-lo. Quem sabe, num dia de chuva (como este em que eu escrevo este artigo) a pessoa olhe para o livro na estante e, finalmente, resolva lê-lo. Vale mesmo a pena tê-lo ali por perto. Lembro-me de uma entrevista que li com Umberto Eco. Não sei exatamente os números que o entrevistador usou. Mas, ele dizia que uma pesquisa apontava que milhões de leitores do famoso escritor italiano haviam comprado o último livro que ele publicara, mas que apenas metade (não sei o percentual exato, repito) o havia lido e perguntava o que ele achava disso. Sua resposta foi a de que tudo indicava que as pessoas queriam ler o livro, mas estavam esperando a oportunidade para fazê-lo. Tê-lo comprado era algo importante porque quando surgisse a oportunidade, elas iriam lê-lo.
Penso que, realmente, vale a pena comprar livros e guardá-los ainda que a leitura somente ocorra no futuro; o mesmo com filmes, com música e coisas semelhantes. Mas, valerá guardar gravatas? Um homem precisa mesmo ter em seu armário vinte ou trinta gravatas (Ou mais)? Uma mulher trinta bolsas ou trinta sapatos (ou mais) ? Aliás, como o design desses produtos varia com o tempo (quero dizer, com a moda imposta ao comportamento social, que muda com o passar do tempo), muitos deles ficarão sem utilidade e muitos sequer serão usados.
É isso. Apenas uma apresentação de uma questão que talvez permita uma reflexão sobre os nossos modos de consumo.

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* Rizzatto Nunes Desembargador do TJ/SP, escritor e professor de Direito do Consumidor.

Fonte: Migalhas

domingo, 20 de novembro de 2011

O Leão envergonhado

          



           Diz a expressão popular que o raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Será verdade? Claro que o raio cai duas vezes no mesmo lugar, pelo menos metaforicamente e no futebol.
Foi o que aconteceu com o Esporte Clube Vitória, quando dois raios atingiram o seu estádio, Barradão. O primeiro fato aconteceu na decisão do campeonato baiano deste ano, mais precisamente no dia 15 de maio, quando o rubro-negro precisava apenas de um empate para sagrar-se pentacampeão estadual, título inédito em sua história. Naquele jogo, chegou a estar vencendo pó 1 X 0, o que lhe ampliava a vantagem, porém não honrou o grande público presente e terminou sendo derrotado por 2 X 1 pelo Bahia de Feira de Santana.
           O segundo raio caiu no mesmo local no dia 19 de novembro último, quando a equipe baiana, após estar vencendo até os 39 min do segundo tempo, sofreu dois gols em menos de 5 minutos, que praticamente lhe tiraram a chance de retornar à primeira divisão do futebol brasileiro, o que seria, segundo alguns, a concretização do sonho rubro-negro.
Porém, cabe uma reflexão: se não se conseguiu montar uma equipe competitiva e confiável para a disputa da série B, o que se poderia esperar caso o time conseguisse o acesso à série A? A última derrota pode ter livrado os baianos de um pesadelo.
A diretoria atual pecou pela falta de planejamento e pelas contratações sem critério e, portanto, pagou o preço.
Resta, agora, juntar os cacos espalhados no chão, ou melhor, pelo gramado do Barradão e esquecer, apagar da historia do clube o ano de 2011 e, desta vez, fazer o serviço correto, com planejamento de curto, médio e longo prazos, valorizando a base e contratando com base em critérios técnicos, esquecendo-se que só o nome não ganha jogo.
E podemos plagiar o ex-governador da Bahia, Otávio Mangabeira: “pense num absurdo, no Vitória tem precedente”.