domingo, 22 de junho de 2014

Autistas - Afinal, o que os faz pular?

Neste feriado de São João resolvi colocar minhas leituras em dia, começando pelo livro " O que me faz pular?, escrito por um jovem autista a partir de uma técnica criada por sua mãe,  chamada de prancha de alfabeto, onde o autor formava as palavras apontando para as letras, em vez de escrevê-las uma a uma, o que lhe permitiu expressar-se de forma coerente.



O livro tem a introdução escrita pelo escritor irlandês David Mitchell, pai de um autista, que tece críticas à forma como a sociedade encara aqueles que estão no espectro autista, onde "crises e ataques de pânico são vistos como chiliques", oriundos da educação inadequada. Aborda, ainda, a questão do momento do diagnóstico, situação divisora de águas, quando o mundo parece desabar, ainda mais se vier de um profissional despreparado (aqui é no Brasil, é predominante). Em seguida, discorre sobre a busca de orientações através de livros, artigos, textos na internet, visando localizar um direcionamento para traçar um horizonte para a educação da criança. 

"Mas, por favor, façam o que fizerem, não desistam de nós. Precisamos da sua ajuda". 

A obra é escrita em forma de perguntas e respostas, que ajudam a entender o comportamento do jovem em diversos momentos, o que se passa na sua cabeça quando se utiliza de movimentos repetitivos e esteriotipados; porque faz coisas que não deve, mesmo após ser  advertido várias vezes; como se sente ao ser tratado em linguagem infantil.

"Cada vez que alguém me subestima, eu me sinto extremamente infeliz..." 


Nas diversas perguntas, o jovem escritor explica porque os autistas demoram a responder, qual a razão de evitar o contato visual e qual o motivo de se negar a fazer o que lhe pedem. Em realidade, os autistas tem pensamentos fugazes e as palavras somem muito rapidamente da sua mente. No diálogo, eles utilizam-se das experiências vividas, que procuram associar ao momento atual visando processar uma resposta, e isso leva tempo, motivo pelo qual não respondem de imediato. 


"Para os autistas, viver é uma batalha sem tréguas."


Devido ao espectro ao autismo ser amplo, muitas situações vividas por Naoki não se processam da forma que em outros autistas, mas vários momentos e comportamentos estão presentes na maior parte daqueles que possuem o transtorno.


"O autista absorve o que o cerca de forma tão atenta quanto a irmã não autista" - David Mitchel


O livro ajuda a entender a mente do autista, possibilitando desenvolver estratégias para promover o o seu desenvolvimento, respeitando as suas limitações, e indica como agir nas situações em que seja necessária uma intervenção.

Ahhh. A propósito, em resposta ao título do livro, o autista pula porque isso o faz bem, porque pode sentir as partes do corpo e o deixa feliz e seus sentimentos parecem ir em direção ao céu, e isso é o realmente importa: SER FELIZ.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A questão dos mestrados e doutorados no Brasil


Tem surgido um movimento no Brasil de busca em países do Mercosul, especialmente Argentina e Paraguai, de cursos em nível de mestrado e doutorado, o que vem causando manifestações diversas, contra e favor.

Essa situação encontra justificativa nos elevados preços cobrados pelas instituições brasileiras privadas, cujo valor varia entre R$ 28 mil e R$ 38 mil para o mestrado. Quanto ao doutorado, apenas 01 universidade particular possui o programa em todo o nordeste, e custa a bagatela de R$ 87 mil. 

Saliente-se, ainda, que o horário das aulas concentra-se nos turnos matutino e/ou vespertino, o que inviabiliza a participação daqueles que trabalham.

Nas instituições públicas, além da questão do horário, observa-se a existência das camarilhas, formadas, geralmente, por pessoas próximas aos docentes, sendo, então, mais fácil um camelo passar num buraco de uma agulha do que um aluno externo conseguir matricula no programa.

Nos países vizinhos, as condições são diversas. Tome-se, por exemplo, o mestrado em Direito Empresarial oferecido pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (UCES), instituição localizada na capital Argentina, que possui aprovação e reconhecimento pela CONEAU - Comisión Nacional de Evaluación y Acreditación Universitária, órgão equivalente à CAPES do Brasil. Tal curso custa em torno de R$ 21 mil, parcelados em 30 vezes e possui um sistema de aulas que permite a freqüência daqueles que possuem atividade laborativa, pois se realiza em quatro encontros semestrais de 15 dias, nos meses de janeiro e julho.

Já o doutorado em Direito, oferecido pela conceituada Universidad de Buenos Aires, também acreditada pela CONEAU,  tem o seu preço estimado em, aproximadamente, R$ 20 mil, que somados aos custos de passagem e hospedagem, pode chegar a R$ 28 mil, quase ¼ do que é cobrado no Brasil.

Essa revoada de acadêmicos em busca de aquisição de conhecimentos e melhoria de condições profissionais tem causado um rebuliço entre os mestres e doutores brasileiros, que se manifestam contrários aos acontecimentos e justificam sua posição sob argumento de ausência de qualidade das IES dos países co-irmãos, olvidando que o ensino no Brasil não pode ser considerado algo de primeira linha.

Em minha vida acadêmica, passei por IES de naturezas diversas: federais, estaduais e privadas e posso dizer, com tranqüilidade, que os professores com mestrado e/ou doutorado dos quais fui aluno eram os piores em sala de aula, com raras exceções, e mal sabiam transmitir conhecimentos.

Em verdade, o que ocorre nesse meio é uma tentativa de manutenção da reserva de mercado para os mestres e doutores tupiniquins, que se  sentem ameaçados de perder suas posições no cenário acadêmico, ou virem seu prestígio, alicerçados no título de “dotô”, ser diminuído. 

Recentemente, divulgou-se a possibilidade de utilização do FIES  nos cursos de mestrado e doutorado. Nada obstante seja uma opção a se pensar, o caminho mais indicado não é esse, mas uma ampliação da oferta de programas em diversas instituições, em especial no norte e nordeste do país, bem como a validação automática dos diplomas obtidos no exterior.

A parte final do parágrafo anterior será discutida em um próximo texto, ainda abordando o tema mestrado/doutorado.

            

sábado, 1 de setembro de 2012

Primeiras linhas de setembro

Espero que este primeiro dia do mês de setembro seja um prenúncio de maior assiduidade na  inclusão de novas postagens no blog.

Inicialmente, gostaria de comentar um fato ocorrido na Inglaterra que deve merecer uma reflexão:

"Morre britânico que lutava pelo direito à eutanásia "
por Antonio Carlos Prado e Fabíola Perez 
Morreu na semana passada o britânico Tony Nicklinson, que sofria de “síndrome de encarceramento” após um derrame em 2005. Nicklinson, 58 anos, só se comunicava com mínimos movimentos dos olhos – e com eles repetia que sua vida era um “pesadelo”. Seus familiares pediram infinitas vezes à Justiça a anuência com o suicídio assistido. Há 15 dias mais uma negativa o arrasou. Diante de uma tabela alfabética que lhe era exibida, mexeu lentamente os olhos para sinalizar, letra por letra, quais delas escolhia para compor a seguinte frase: “estou devastado”. Entrou em greve de fome e morreu. 
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O questionamento que fica é o seguinte: até quando o homem
julgará ter direito sobre a vida do seu semelhante?
Adiantou negar por diversas vezes a possibilidade de uma
morte digna a quem vivia em estado vegetativo, cuja parte do
corpo que movimentava eram somente os olhos?
Tony Nicklinson tomou a decisão que lhe parecia mais acertada
e que somente a ele caberia escolher o caminho a seguir.
Está na hora dos governantes deixarem de lado os argumentos
religiosos comumente utilizados para não regularizar a eutanásia
e deixar o homem ser senhor de si.

domingo, 29 de julho de 2012

OAB e FGV - Parceria infernal

Nunca vi uma instituição tão poderosa, que baseada na condição de “sui-generis”, atua ao bel prazer em quaisquer tema que haja interesse próprio, sem controle e limitação.

Considerando-se acima de tudo e de todos, inclusive da lei, recusa-se a limitar o valor da anuidade, cujo valor, se depender da organização, poderá chegar a valores astronômicos, além de estipular importância escorchante para inscrição no exame de ordem. E como são prestadas as contas do valor recebido? Porque ela não é fiscalizada?

E por falar no exame de ordem, a OAB, mais uma vez, juntamente com a Fundação Getulio Vargas, empresa que elabora as provas, apronta contra os candidatos à condição de advogado. Neste ultimo certame, a reclamação foi geral, pois muitos não tiveram sequer a prova corrigida, deixando clara a intenção tão somente de reprovar.

Tal proceder esclarece a falácia de que os baixos índices de aprovação estão relacionados à baixa qualidade de ensino. Na realidade, a OAB não deseja abrir mão dos R$ 200,00 pagos para participação nas provas, e então orienta os critérios de correção, de forma que se ocorra o maior numero possível de reprovação.

Saliente-se que esse entendimento não é somente meu, pois basta consultar o seguinte link e sentir o sentimento geral, inclusive de profissionais que atuam na área:

http://www.portalexamedeordem.com.br/blog/2012/07/desabafo-para-quem-nao-passou-no-exame-de-ordem/

Alguns poderiam dizer que o Poder Judiciário está aí para socorrer àqueles que se sentem prejudicados, através dos remédios constitucionais. No entanto, cabe esclarecer que muitos não possuem recursos para contratar um advogado a fim de lutar por seus direitos, pois já suaram sangue para conseguir o valor da inscrição. São pessoas com recursos limitados e que estão submetidos à sanha da OAB, sem que ninguém faça algo para minimizar a atitude leviana da Ordem.

Além disso, soluções particulares não resolvem a raiz do problema. É necessário uma atitude mais ampla, como transferir para o Poder Executivo, através do Ministério da Educação ou do Trabalho, a responsabilidade pela condução do exame de suficiência.

Tal atitude poderia fazer que se produzisse um exame mais justo, já que não haveria a participação da OAB, entidade amorfa, que visa apenas a arrecadação.

Será que em nosso País existe alguma autoridade com brio suficiente para enfrentar essa Organização nefasta?

Sei que esta mensagem pode ser capaz de alguma transformação e de produzir muitos efeitos, inclusive nenhum, mas, como diz o velho adágio: “a esperança é a última que morre”.






“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. É o silêncio dos bons”


Martin Luter King

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Linhas de 21/05/2012

CPI do Cachoeira poupa Delta, governadores e políticos de investigação

 

Conforme informou o jornal Folha de São Paulo, foi feito um acordão entre caciques do PT, PMDB e PSDB para poupar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

Essa notícia apenas vem confirmar, mais uma vez,  o que já se sabe desde sempre: políticos brasileiros não valem o que os gatos enterram, independente de partido. E ainda existem aqueles incautos que se iludem com o Partido dos Trabalhadores, que um dia foi o paladino da moralidade e da ética.

Tal situação deixa a sociedade sem uma luz no horizonte é a constatação de que todos são “farinha do mesmo saco”, o que deixa no ar uma questão, a meu ver, irrespondível: em quem votar nas próximas eleições?

É assim que os políticos veem o cidadão de bem:


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 Mais uma dos Petistas e aliados:

Governistas se apegam à mordomia do pagamento do 14º e 15º salários.


De acordo com a o Correio Braziliense, o projeto de decreto legislativo que acaba com a mordomia do 14º e do 15º salários para parlamentares começa a tramitar de fato na Câmara nesta semana, mas já encontra resistência dos petistas e aliados. Os líderes de partidos governistas estão se amparando na agenda de votações da Câmara para evitar a votação do requerimento de urgência que poderá agilizar a tramitação do texto. O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO) se manifesta: “Não estamos com pressa para tratar desse assunto”.

A resistência de parte dos deputados em levar o tema ao plenário começa pelo próprio presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que evita se pronunciar sobre o projeto.


Dezesseis deputados já abriram mão da regalia oficialmente

Quem já abriu mão:

» Augusto Carvalho (PPS-DF)
» Carlos Sampaio (PSDB-SP)
» Érika Kokay (PT-DF)
» Fábio Trad (PMDB-MS)
» Francisco Araújo (PSB-RR)
» Grete Pereira (PR-CE)
» Henrique Oliveira (PR-AM)
» Izalci (PR-DF)
» Laercio Oliveira (PR-SE)
» Lincoln Portela (PR-MG)
» Luiz Pitiman (PMDB-DF)
» Policarpo (PT-DF)
» Reguffe (PDT-DF)
» Rubens Bueno (PPS-PR)
» Severino Ninho (PSB-PE)
» Walter Feldman (PSDB-SP)

Ninguém da Bahia!

Já o salário do povo brasileiro, ó:







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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Descasos

          O boletim jurídico CONJUR traz, periodicamente, uma coluna abordando os livros marcantes das vidas de alguns juristas famosos, que atuam como professores, juízes, desembargadores, ministros, advogados, entre outros. 
 
          A minha primeira leitura do ano veio daí. Uma indicação da penalista e professora universitária Patrícia Vanzolini.
          
         Trata-se do livro “Descasos”, escrito por Alexandra Szafir, que aborda a questão daqueles que estão esquecidos nas cadeias e nos presídios. A obra mostra situações vividas pela autora no seu dia a dia, atuando na maioria das vezes pro bono, atividade gratuita e voluntária.
 
         Nos casos descritos por ela observamos diversas condições já conhecidas, como “juizites”, incompetência de advogados e defensores, atitudes incompreensíveis do Ministério Público, desrespeito policial com o ser humano, entre outras situações por ela presenciadas.
 
         Vale a pena a leitura para que se possa repensar a questão do apenas prender por prender, afinal fica a duvida, ou certeza, não sei, sobre a possibilidade de regeneração dos que são enviados às penitenciárias.
 
          E o final do livro mostra com a autora é uma vitoriosa, por tudo que ela fez e por tudo que ela é. Compre e leia, que não se arrependerá.


domingo, 8 de janeiro de 2012

A agricultura e o capitalismo selvagem

Estive no supermercado Bompreço, cujo nome não fez jus à sua política de preços, e logo na entrada tem um cartaz enorme: FRUTAS REGIONAIS. Pensei: como se trata de produto local, os valores devem estar coerentes e acessíveis. Triste engano, seguem as etiquetas:




Mesmo assustado, resolvi caminhar mais pelo estabelecimento, refletindo: se as frutas da região estão nesse nível de preço, imagine aquelas que vem de fora, devem estar nas alturas. A supresa veio a seguir:


Além dessa, o kiwi também estava a R$ 3,90/kg.

Algumas dúvidas nos vêm à mente: se esse supermercado cobra R$ 15,25/kg de caju, quanto será que ele paga ao produtor? talvez R$ 10,00/kg? ou quem sabe R$ 5,00/kg. Não, queridos leitores, o valor pago a um produtor de caju situa-se entre R$ 1,10 e R$1,20 por kg, e com tendência a baixar mais, segundo o sítio http://www.cajunordeste.org.br/produtores-denunciam-formacao-de-cartel/.

Assim, fica extremamente difícil se reduzir a desigualdade social neste nosso lindo Brasil. A ganância e a exploração dos comerciantes contribuem de forma decisiva para manutenção do abismo econômico que separa o campo e a cidade.

Se faz necessária uma presença ativa do Estado, protegendo os nossos produtores, pois, ao deixar o mercado agir livremente, de forma despudorada, aproxima o País cada vez mais do capitalismo selvagem.