sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A questão dos mestrados e doutorados no Brasil


Tem surgido um movimento no Brasil de busca em países do Mercosul, especialmente Argentina e Paraguai, de cursos em nível de mestrado e doutorado, o que vem causando manifestações diversas, contra e favor.

Essa situação encontra justificativa nos elevados preços cobrados pelas instituições brasileiras privadas, cujo valor varia entre R$ 28 mil e R$ 38 mil para o mestrado. Quanto ao doutorado, apenas 01 universidade particular possui o programa em todo o nordeste, e custa a bagatela de R$ 87 mil. 

Saliente-se, ainda, que o horário das aulas concentra-se nos turnos matutino e/ou vespertino, o que inviabiliza a participação daqueles que trabalham.

Nas instituições públicas, além da questão do horário, observa-se a existência das camarilhas, formadas, geralmente, por pessoas próximas aos docentes, sendo, então, mais fácil um camelo passar num buraco de uma agulha do que um aluno externo conseguir matricula no programa.

Nos países vizinhos, as condições são diversas. Tome-se, por exemplo, o mestrado em Direito Empresarial oferecido pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (UCES), instituição localizada na capital Argentina, que possui aprovação e reconhecimento pela CONEAU - Comisión Nacional de Evaluación y Acreditación Universitária, órgão equivalente à CAPES do Brasil. Tal curso custa em torno de R$ 21 mil, parcelados em 30 vezes e possui um sistema de aulas que permite a freqüência daqueles que possuem atividade laborativa, pois se realiza em quatro encontros semestrais de 15 dias, nos meses de janeiro e julho.

Já o doutorado em Direito, oferecido pela conceituada Universidad de Buenos Aires, também acreditada pela CONEAU,  tem o seu preço estimado em, aproximadamente, R$ 20 mil, que somados aos custos de passagem e hospedagem, pode chegar a R$ 28 mil, quase ¼ do que é cobrado no Brasil.

Essa revoada de acadêmicos em busca de aquisição de conhecimentos e melhoria de condições profissionais tem causado um rebuliço entre os mestres e doutores brasileiros, que se manifestam contrários aos acontecimentos e justificam sua posição sob argumento de ausência de qualidade das IES dos países co-irmãos, olvidando que o ensino no Brasil não pode ser considerado algo de primeira linha.

Em minha vida acadêmica, passei por IES de naturezas diversas: federais, estaduais e privadas e posso dizer, com tranqüilidade, que os professores com mestrado e/ou doutorado dos quais fui aluno eram os piores em sala de aula, com raras exceções, e mal sabiam transmitir conhecimentos.

Em verdade, o que ocorre nesse meio é uma tentativa de manutenção da reserva de mercado para os mestres e doutores tupiniquins, que se  sentem ameaçados de perder suas posições no cenário acadêmico, ou virem seu prestígio, alicerçados no título de “dotô”, ser diminuído. 

Recentemente, divulgou-se a possibilidade de utilização do FIES  nos cursos de mestrado e doutorado. Nada obstante seja uma opção a se pensar, o caminho mais indicado não é esse, mas uma ampliação da oferta de programas em diversas instituições, em especial no norte e nordeste do país, bem como a validação automática dos diplomas obtidos no exterior.

A parte final do parágrafo anterior será discutida em um próximo texto, ainda abordando o tema mestrado/doutorado.

            

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