domingo, 25 de dezembro de 2011

A Privataria Tucana, uma análise.

         Aproveitei o feriado de final de ano para ler o mais recente lançamento editorial, solenemente ignorado pela imprensa nacional, e que tem, segundo comentários de alguns blogs, deixado os tucanos de penas eriçadas em virtude das revelações constrangedoras sobre a doação de empresas nacionais a particulares no governo FHC, episódio conhecido como privataria, cujo episodio envolveu lavagem de dinheiro, arapongas e trambiqueiros que atuavam “no limite da irresponsabilidade”, todos citados no livro.
O livro Privataria Tucana esclarece a forma como se processou a entrega do patrimônio nacional e quem foram os beneficiados, através de negociatas e conchavos, que lucraram bilhões, remetidos a paraísos fiscais.
O autor centralizou sua investigação na família Serra, cujo representante mais ilustre é o ex e talvez futuro candidato à presidência da república, José Serra e citou, de leve, alguns outros pássaros de alta plumagem, como Tasso Jereissati.
Foram poupados os tucanos-mor, Fernando Henrique Cardoso e o provável candidato à presidência em 2014, Aécio Neves.
Através da leitura, pode-se observar que a “roubalheira” dos recursos nacionais vem de longa data, alterando-se apenas os personagens. Primeiro, veio o, à época, “mauricinho” Fernando Collor de Mello e sua eminência parda, Paulo César Farias, posteriormente o pseudo-socialista neoliberal Fernando Henrique Cardoso e seus assessores Sérgio Mota, Ricardo Sergio e Daniel Dantas, e, mais recentemente, Lula e seus companheiros, José Dirceu, Delúbio Soares e Marcos Valério. De um governo para outros alterou-se apenas o “modus operandi”, mas com a corrupção presente em todos eles.
Vale a pena a leitura, pois o livro apresenta farta documentação confirmando os argumentos do autor e mostrando que a praga de desonestos que milita na vida pública nacional está longe de ser exterminada.
Hoje em dia, as “viúvas” de FHC argumentam que se não houvesse a privatização do sistema Telebrás, a população não teria acesso à telefonia, tão disseminada em todas as camadas sociais. Agora, a que custo isso aconteceu? O autor demonstra que empresas foram entregues à iniciativa privada por uma “merreca”, e foram pagas através de moedas podres e com financiamento do BNDES, ou seja o País pagou para transferir os bens para os grupos privados. Em relação às telefônicas, atualmente, paga-se uma das tarifas mais caras do mundo e com serviço da pior qualidade, haja vista tais empresas serem campeãs de reclamações no PROCON e nos juizados.
E se os tucanos não fossem barrados no seu festival de entregas, a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica também estariam em mãos alienígenas.
Recentemente, na crise mundial, que ainda persiste, os grupos financeiros privados fecharam as portas aos empresários nacionais, especialmente, os micro e pequenos. E quem os socorreu, garantindo recursos para seus negócios? Os bancos oficiais, a mando da Presidência da República. Se dependesse da praga tucana, o Brasil teria passado por um maremoto econômico, com uma quebradeira geral, já que as instituições oficiais estariam anexadas aos bradescos da vida, que representam, tão somente, o capitalismo selvagem.
Vale à pena deixar uma frase citada no livro, de autoria de Luiz Carlos Bresser Pereira, por incrível que pareça um tucano fundador do PSDB: “Só um bobo dá a estrangeiros serviços públicos como as telefonias fixa e móvel”. Um bobo ou um “esperto”, complementa o autor.

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